Live protagoniza comunidades tradicionais na defesa do Cerrado

Acervo/Tô no Mapa
Acervo/Tô no Mapa

Relevância dos povos para conservação do bioma foi tema central da conversa, trazendo reflexões sobre modos de vida, saberes e tradições, desafios e ameaças nos territórios.

A campanha #Raízes movimentou as redes sociais do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), do ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza) e da Rede Cerrado pela valorização dos Povos e Comunidades Tradicionais e de Agricultores Familiares – PCTAFs (leia-se “pecetáfis”) entre fevereiro e abril de 2021. O encerramento da série ocorreu na terça-feira, 27 de abril, e foi marcado pela realização de uma live especial com a participação das três organizações e de convidados de comunidades e povos do Cerrado.

A conversa contou com a presença virtual de Célia Xakriabá, indígena do povo Xakriabá, professora, mestra em Desenvolvimento Sustentável, doutoranda em Antropologia e integrante da Articulação Nacional de Mulheres Indígenas; de Eldo Barreto, membro e morador da comunidade Fecho de Pasto de Clemente, município de Correntina (BA); e de Samuel Caetano, geraizeiro natural da comunidade Abóboras em Montes Claros (MG), graduando em História e parte da articulação Rosalino Gomes e do Movimento Geraizeiro.

Pelas organizações, participaram do evento a diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar, a coordenadora do Programa Cerrado e Caatinga do ISPN, Isabel Figueiredo, e a secretária executiva da Rede Cerrado, Katia Favilla.

Para incentivar a participação e o engajamento do público no evento, enquetes realizadas nas redes sociais decidiram o tema da live: “PCTAFs e a Conservação da Natureza” foi a opção mais votada por quase 100 pessoas que participaram da interação.

O evento on-line discutiu questões ligadas ao desmatamento, à poluição das águas e do meio ambiente, apresentando reflexões sobre o papel das comunidades e dos povos na conservação. Também foi ponto da conversa a relação das comunidades com a cidade, a soberania e a segurança alimentar, bem como o contexto diante da pandemia causada pelo Covid-19. As falas dos participantes trouxeram suas vivências e suas histórias de resistência e de luta territorial para o centro do debate.

Defensores do Cerrado

Célia Xakriabá reforçou a importância do território e do Cerrado para a vida dos povos tradicionais. “Falar do território e do Cerrado é falar da nossa cozinha e da nossa farmácia viva. O Cerrado tem lugar para comer, beber e criar, mas, principalmente, tem lugar de cura. E a cada vez que tentam queimar e desmatar o Cerrado, a cada vez que cortam uma árvore, estão cortando uma parte de nós”, disse.

A luta pela terra no Brasil mobiliza diversos segmentos de povos e comunidades tradicionais que resistem nessas áreas, desenvolvendo ações fundamentais para a conservação da diversidade nos biomas, a partir de um manejo sustentável e integrado aos ciclos da natureza. Entre esses grupos está o segmento de Fecho de Pasto; e Eldo Barreto, da comunidade de Clemente (BA), trouxe para a live #Raízes seu conhecimento sobre o assunto.

“Somos um grupo de pessoas que luta, que tem o uso comum do território, tem suas práticas coletivas e familiares e tem também aprendizados individuais. O que determina as nossas raízes é que estamos muito ligados na conservação do Cerrado. Diferente de um projeto de destruição, nosso modo de viver é voltado para defesa de toda a existência e de todas as formas de vida”, afirmou Eldo.

Samuel Caetano, que é geraizeiro, também compartilhou falas inspiradoras. “A nossa luta é para garantir o nosso território. Sem território, não tem memória, não tem reprodução, não tem essência. E o nosso enfrentamento é muito grande por isso, pois o nosso modo de vida incomoda o capital”, comentou.

Destacando o tema principal da conversa, Caetano explicou ainda que a preservação das comunidades e de seus territórios é importante para todos, uma vez que é a própria natureza conservada que fornece os recursos básicos para possibilitar a vida na Terra: água limpa, ar sem poluição, alimentos de boa qualidade, entre tantos outros elementos. “A nossa ferramenta de luta é tentar convencer a população que o nosso modo de vida é importante para a manutenção do modo de vida deles”, concluiu.

Compartilhando histórias

Ao longo de três meses, a campanha #Raízes produziu e divulgou conteúdo sobre quem são e qual a relevância dos Povos e Comunidades Tradicionais e dos Agricultores Familiares na construção e na composição das raízes brasileiras.

Por meio de uma série de publicações com textos, imagens e vídeos, o objetivo definido e alcançado pela iniciativa foi o de compartilhar e difundir conhecimento, principalmente para o público mais amplo, sobre as vidas, os saberes, as práticas e as tradições de habitantes ancestrais do Cerrado.

Para quem desejar assistir, a live #Raízes segue disponível no canal do ISPN no Youtube. Também é possível conferir a campanha completa no nosso Instagram.

A campanha #Raízes teve financiamento do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF), uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Conservação Internacional, União Europeia, do Fundo Global para o Meio Ambiente, do Governo do Japão, e do Banco Mundial. Uma meta fundamental é garantir que a sociedade civil esteja envolvida com a conservação da biodiversidade.

O aplicativo de celular Tô no Mapa está disponível para Android e para iOS.

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