Comunidades tradicionais plantam Cerrado e colhem água
Criada em 2014, a Associação Comunitária de Preservação Ambiental dos Pequenos Criadores de Fundo e Fecho de Pasto das Comunidades do Brejo Verde, Praia e Catolés conta, atualmente, com mais de 40 sócios que, de forma coletiva, criam gados soltos em pastagens de uso comum, característica típica de comunidades de fundo e fecho de pasto.
Além disso, a comunidade localizada em Correntina – região de fortes conflitos por disputa de terra e água – já semeou mais de 4 mil mudas de árvores nativas, frutíferas e medicinais do Cerrado. A ação fez parte do Projeto Sementes do Futuro, desenvolvido pela associação. A atividade teve como objetivo reflorestar e preservar as cabeceiras do Cerrado.
O povo tradicional quer conservar o bioma e proteger as águas do território, que conta com cerca de 7 nascentes. A região sofre com os intensos avanços de grandes empreendimentos, como mostrou uma reportagem investigativa da Agência Pública.
“Para gente é muito ameaçador. Nós que nascemos no berço das águas é muito difícil a ideia de ficar sem água. Mas para esses empresários está tudo bem porque se secar, eles vão embora, mas a gente fica! Sem água não existe vida e nós vamos continuar defendendo o nosso território e nossas águas. Nós não precisamos e nem vamos desmatar os gerais para produzir. Nós criamos gado, cultivamos mandioca, cana-de-açúcar, produzimos cachaça e ainda fazemos o extrativismo do Pequi, do Buriti, das raízes medicinais do Cerrado.”
O relato é da jovem Beatriz Silva e Souza que, aos 18 anos, atua intensamente para a conservação da biodiversidade local. Isso porque ela sabe que conservar e manter o Cerrado em pé significa garantir não só água para a sua comunidade, mas para boa parte do Brasil. Afinal, é do Cerrado que estão concentradas as principais bacias hidrográficas do país. Com suas raízes profundas e características de savana, ele funciona como uma esponja, que capta a umidade gerada pela Amazônia e abastece grande parte dos lençóis freáticos.